Texto: Carlos Henrique Silva
Supervisão: Manoella Évora
CABO FRIO (RJ) – Quatro projetos da Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, foram certificados pelo Instituto Brasileiro de Museus – Ibram, como Pontos de Memória. A contemplação se deu através do Programa “Pontos de Memória”, habilitando essas entidades culturais à participação em editais e políticas públicas destinadas à cultura. O objetivo do programa é reconhecer e reunir ações e iniciativas de valorização da memória e a cultura social.
O Museu da Pesca Tradicional / Sala Expositiva Mestre Chonca, a Associação de Pescadores de Canoas da Praia do Pontal, em Arraial do Cabo, o Ponto de Cultura – Ilê Asé Iya Oju Omi, em São Pedro da Aldeia e o Coletivo Olhar da Perifa, em Cabo Frio, foram os contemplados pelo Programa.
Conheça um pouco de cada um desses projetos:
O Museu da Pesca Tradicional/Sala Expositiva Mestre Chonca é um museu comunitário e coletivo, da sociedade civil organizada, sem fins lucrativos. É considerado um movimento de resistência, defesa e salvaguarda do patrimônio cultural e natural e dos bens materiais e imateriais da cultura local e regional da Região dos Lagos fluminense. No espaço, estão guardados materiais de trabalho da carpintaria naval e uma sala expositiva.
A Associação de Pescadores de Canoas da Praia do Pontal (APECAPP) trabalha o circuito dos mestres sabedores da cultura popular da Praia do Pontal, em Arraial do Cabo (RJ). Revela os relatos, gestos e imagens singulares dos usos das centenárias canoas de boçarda (canoas monóxilas), reconhecidas socialmente como canoas grandes de arrasto de beira de praia, para o cerco tradicional na cidade. Traz as imagens, narrativas e memórias orais e de vida dos atuais vigias da pesca da Praia do Pontal, com ênfase nos territórios da pesca imbuídos de vivências, experiências e de maestrias, únicas, singulares, entranhadas e corporificadas enquanto legados transmitidos, herdados e socializados pela tradição da pesca.
O Ponto de Cultura – Ilê Asé Iya Oju Omi, na área rural de São Pedro da Aldeia, foi fundado em 2000, pela Iyalorixá Márcia de Oxum. O Ilê é uma comunidade matriarcal, que preserva a tradição indígena e a memória coletiva afro. O espaço foi vítima de intolerância religiosa, em 2019, e após o episódio, decidiu focar em projetos com as comunidades voltados para as causas raciais e a conscientização sobre a cultura afro-indígena. O Ponto de Cultura também é detentor do Certificado Estadual Heloneida Studart de Cultura, dado pela ALERJ.
O coletivo Olhar da Perifa, em Cabo Frio, foi criado em 2022, pela fotógrafa e jornalista Thammy Carvalho. Tem como objetivo que os jovens das periferias da cidade, em especial, as do grande Jardim Esperança e Tangará, tenham acesso a atividades extracurriculares, principalmente através da fotografia, trazendo releituras importantes sobre o pertencimento social e suas ancestralidades. Com incentivos através de editais públicos de fomento à cultura municipal, o coletivo já realizou exposições e oficinas para crianças, adolescentes e adultos do município de Cabo Frio.
SAIBA MAIS SOBRE O PROGRAMA PONTOS DE MEMÓRIA
O Programa Pontos de Memória nasceu em 2009, resultado da parceria entre os Programas Mais Cultura, do Ministério da Cultura e do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania – PRONASCI, do Ministério da Justiça, com o objetivo de identificar, apoiar e fortalecer iniciativas de memória e museologia social pautadas na gestão participativa e no vínculo com a comunidade e seu território.
O Programa tem como objetivo promover ações de reconhecimento e valorização da memória social, de modo que os processos museais protagonizados e desenvolvidos por coletivos culturais e entidades culturais, em seus diversos formatos e tipologias, sejam reconhecidos e valorizados como parte integrante e indispensável da memória social brasileira.
As ações desenvolvidas, pautadas no fomento à criação de novos processos de produção e institucionalização de memórias referentes à diversidade social, étnica e cultural do país visam garantir que o direito à memória seja exercido de forma democrática por indígenas, quilombolas, povos de terreiro, mestres e grupos das culturas populares, urbanas, rurais, de fronteira, e/ou que requerem maior reconhecimento de seus direitos humanos, sociais e culturais.
Dessa forma, o Programa Pontos de Memória contribui para o desenvolvimento de uma política pública de direito à memória, com base no Plano Nacional Setorial de Museus – PNM e Plano Nacional de Cultura – PNC, trabalhando a memória como fator de inclusão e transformação social, por meio da integração das diversas iniciativas museais brasileiras.
SAIBA MAIS: https://www.gov.br/museus/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/pontos-de-memoria