Percurso Expositivo

Uma sugestão de percurso pelo Mart

Para se conhecer o Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart), deve-se iniciar a visita antes mesmo de se adentrar no espaço do antigo Convento de Nossa Senhora dos Anjos.

No adro frontal está o Cruzeiro, uma imensa cruz esculpida em pedra, elemento singular da arquitetura franciscana, representativa do culto à Paixão de Cristo, que determinava o tratamento do espaço à frente da igreja conventual, separando o sagrado do profano.

Em destaque, o cruzeiro em pedra (Acervo: Mart/Ibram).
Fotógrafo: Evangelos Pagalidis. Ano: 2016.



Ainda na área externa, à esquerda de quem caminha em direção à entrada principal, podem ser observados os muros do cemitério e da capela de São Francisco da Penitência, pertencentes à Ordem Franciscana Secular de Cabo Frio (OFS), em funcionamento até os dias atuais.


ENTRADA

A data que marca o lançamento da pedra fundamental do convento franciscano de Cabo Frio – 02 de agosto de 1686 – está inscrita na portada da Igreja. Abaixo, o nicho resguarda a réplica da padroeira do convento, Nossa Senhora dos Anjos. A imagem original está em exposição na igreja conventual.

Detalhe sobre a porta de entrada do Museu (Acervo: Mart/Ibram).
Fotógrafo: Autor desconhecido. Ano: 2006.*



Atravessando essa porta e entrando no Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart), estamos na antiga igreja conventual, local que concentra a maior parte do acervo do antigo Convento.


Igreja conventual

Logo ao ingressar no espaço da igreja, o visitante sente-se atraído pelos belos entalhes em madeira com douramentos que compõem os altares. Mas ao percorrer o caminho até eles, ele vai, aos poucos, descobrindo outros elementos no templo, mais sutis.


À esquerda da área de ingresso no Museu, estão os santos de roca (séc. XVIII) representando a devoção franciscana: Santa Isabel, São Luís Rei da França, Santa Rosa de Viterbo e São Benedito de Palermo. Eles eram transportados sobre andores, junto a outras imagens de santos da ordem, nas procissões da quarta-feira de cinzas. Já à direita da entrada, vemos a pia de água benta.

Já à direita, estão expostas imagens pertencentes ao antigo Convento em terracota, do século XVII. Neste local, despertam a atenção as imagens de um santo franciscano (provavelmente, São Boaventura), encontrada emparedada na antiga Sacristia, e do Menino Jesus, enterrada no claustro. Além dessas, estão expostas o Tronco de Frande, São Luis de Tolosa e o Senhor na Descida da Cruz.

Destaque para a imagem original de Nossa Senhora dos Anjos que, como já mencionada, ficava em um nicho acima da porta de entrada do Convento.

Transitando pela nave da igreja, desde o início, é possível observar as paredes laterais da igreja, adornadas com azulejos. Ali, predominam os motivos em branco, azul e amarelo e, na área a capela-mor, azulejos nas cores azul e branco.


A Sagrada Família (imagens de Jesus Cristo criança, da Virgem Maria e de São José) é avistada no centro da nave, encerrada no oratório em estilo D. Maria. Neste ponto de seu caminhar pela igreja, voltando-se para a direção da entrada do Museu e olhando para cima, o visitante descobre o coro em madeira, utilizado pelos franciscanos, apreciadores da música. Sobre o coro, o óculo, abertura por onde penetram os raios de sol.

No lado oposto ao nicho que resguarda o conjunto com a Sagrada Família, o visitante observa a Capela de São Francisco da Penitência, da Ordem Franciscana Secular (OFS), através de uma cancela de madeira. Chegando próximo à cancela, é possível de se ver o altar-mor da capela e, nele, o conjunto escultórico que narra a aparição do Cristo Seráfico para São Francisco de Assis, quando o santo recebeu os estigmas.

Continuando a caminhada na direção dos altares, a partir da cancela em madeira, que separa a capela da igreja conventual, o visitante se depara com um belo conjunto escultórico, o Milagre da Porciúncula, que narra a aparição da Virgem Maria sobre uma nuvem com anjos e de seu Filho para São Francisco de Assis.

Detalhe do painel de azulejos na nave da igreja conventual.
(Acervo: Mart/Ibram)
Fotógrafo: Autor desconhecido. Ano: 2009.*


Altares da igreja conventual

Seguindo o percurso, próximo aos altares da igreja conventual, a exuberância própria do estilo barroco dos retábulos contrasta com a simplicidade arquitetônica da igreja em toda sua extensão.

No ponto mais alto e central do altar mor, destaca-se a imagem de Nossa Senhora dos Anjos (século XVIII), padroeira do convento, em madeira policromada e dourada. Este retábulo principal dialoga com os dois dos altares colaterais, sendo um deles dedicado a São Francisco de Assis (século XVIII) e o outro, a Santo Antônio de Lisboa (Século XVII).

Imagem de Santo Antônio de Lisboa (Acervo: Mart/Ibram).
Fotógrafo: Aline Cadaxo (Equipe Mart/Ibram). Ano: 2011.


Junto ao altar de São Francisco de Assis, encontramos castiçais da época dos frades e a imagem de Santa Clara de Assis. Um nicho pequeno, perto das imagens, guarda uma singela representação de Santana Mestra e Nossa Senhora Menina. No mesmo lado, podemos ver a imagem de Nossa Senhora dos Anjos, cuja réplica está na fachada do antigo Convento.

No lado oposto, onde está Santo Antônio de Lisboa, vemos no pequeno nicho junto à parede, a imagem de Nossa Senhora da Piedade.

A aproximação da capela-mor exige tempo. As belezas da árvore da vida, sobre o sacrário, e as imagens do século XVIII de São José de Botas e de São Joaquim, com um belo panejamento, chamam logo a atenção. O rico espaço também guarda as representações de forte devoção no Brasil colonial, as de Nossa Senhora da Conceição e de Santana Mestra com Nossa Senhora Menina. Com um pouco mais de tempo, e de observação, olhando para as pinturas de forro no teto, o visitante encontrará, até mesmo, sereias!






Detalhe da árvore da vida .
(Acervo: Mart/Ibram)
Fotógrafo: Lu Rocha. Ano: 2018.


JARDIM

Através de uma porta lateral, à direita, fica o jardim, onde há vestígios do antigo claustro.

O Convento de Nossa Senhora dos Anjos possuía formato quadrangular e com pequeno claustro no centro, ao redor de onde se agrupavam todas as dependências (salas de estudo, biblioteca, refeitório e celas).

É possível identificar no local, a antiga cozinha dos franciscanos, com sua pia, seu forno e o lajoteiro. Os resquícios da cozinha se integram a plantas e pássaros que visitam o jardim, espaço de contemplação, onde os visitantes também veem de perto os três sinos que compunham o campanário do Convento.

Um elemento em meio ao jardim, próximo às salas de exposição, poderá surpreender os visitantes! A caronada, uma espécie de canhão curto, em ferro fundido, que não pertencia ao antigo Convento, mas foi posteriormente levada para o local, quando o Museu já estava em funcionamento.

Outra peça presente no jardim é o fragmento do lavabo, uma espécie de cuba em mármore de lióz lavrado do século XVII.

O florido espaço do jardim do Mart (Acervo: Mart/Ibram).
Fotógrafo: Flávia Franchini (Equipe Mart/Ibram). Ano: 2017.


Do jardim, ainda pode-se avistar o morro e a Capela de Nossa Senhora da Guia, sob a sombra de espécies nativas, como o jasmim do cabo.


Salas de exposições

Pelo jardim também é possível alcançar as outras duas salas de exposições do Museu.

Uma porta com o batente em pedra e em forma de arco indica que aquela sala era um espaço importante do antigo Convento, a sala do Capítulo, onde ocorriam as decisões. Uma das poucas partes preservadas da construção original da área da clausura, a porta se integra à ala frontal reconstruída para abrigar o Mart. No local acontecem as exposições temporárias integradas aos elementos que compunham as ruínas preservadas, como as seteiras – espécie de abertura comprida e estreita na fachada.

Por fim, na saleta localizada no campanário, onde está uma das portas de entrada para o Museu (sob o alpendre), encontramos mais uma sala, dedicada a exposição de quadros e fotografias contemporâneas.


* Se você for o autor de alguma das imagens aqui apresentadas e puder comprovar esta autoria, faça contato conosco.

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