OLHARES SOBRE O CONVENTO
por Evangelos Pagalidis, Frederico Santa Rosa, Lu Rocha, Ricardo Alves e Luciano Barbosa
Cabo Frio (RJ) já se habituou a olhar para o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, afinal ele integra nossa paisagem há mais de três séculos.
Seguindo o ritmo da história da cidade, o edifício do Convento e a área que o cerca foram se reinventando. Por quase duzentos anos espaço hegemônico ocupado pelos franciscanos, ele foi cedendo suas áreas para outras funções.
Ao longo do século XX, o entorno seguiu o ritmo imposto pelas mudanças da cidade que trouxeram para seu cenário novos personagens, novas maneiras de vivenciar o Convento, mas sem abandonar suas origens.
Hoje, em meio ao agitado centro comercial e ao vai e vem de automóveis do largo Santo Antônio, permanece o Convento. Imponente, junto ao morro da Guia com sua capela, ele se destaca na interseção dos caminhos que nos levam aos variados lugares de Cabo Frio e região.
E, por diferentes razões, um olhar, de repente, se volta para ele. Um olhar furtivo, de quem passa de ônibus à sua frente, ou está correndo para chegar ao trabalho. Ou mais apurado, de curiosidade ou de identificação com o espaço. São diversas as formas de se ver o Convento de Nossa Senhora dos Anjos emoldurado pela paisagem que o cerca.
Muitos olhares estão gravados em fotografias por profissionais da região ou que visitaram Cabo Frio por diversas razões… Augusto Malta, Wolney Teixeira, Eric Hess são alguns deles. Também o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde que começou a olhar para o Convento nos anos 1940, pois a fotografia era parte de sua metodologia de trabalho.
Imagens que nos contam das mazelas do tempo sobre o monumento, mas também das ações empreendidas para sua preservação, inclusive a criação do Museu de Arte Religiosa e Tradicional. Desde então, frequentadores do Mart multiplicam os olhares sobre o espaço, em visitas e atividades no museu.
Inspirada pelo rico material existente sobre o Convento, a equipe do Mart desafiou quatro fotógrafos a nos apresentarem os seus olhares: Evangelos Pagalidis, Frederico Santa Rosa, Lu Rocha e Ricardo Alves (após a publicação da exposição, o fotógrafo Luciano Barbosa se juntou ao time). Fotógrafos com trajetórias diferentes, que se entrelaçam no Museu.
O resultado é uma pluralidade de olhares, alguns já conhecidos, outros novos, alguns nunca percebidos. Olhares do antigo Convento e do Mart, do seu entorno, de seu cotidiano, suas passagens. Em comum, olhares carregados de grande afeição.
E você? Qual é o seu olhar sobre o Convento?
Antes que você comece a navegar pelo olhar dos fotógrafos, te convido a embarcar no Olhar do Professor Doutor do Instituto de Artes/Uerj, Mauro Trindade, clicando na imagem abaixo:
O olhar de Evangelos Pagalidis
sobre o Convento
“Desde a infância tenho uma estreita relação com o Convento de Nossa Senhora dos Anjos! Minha família possuía duas lojas comerciais nas imediações do Largo Santo Antônio, assim como nossa casa também situava-se naquelas imediações, na rua Silva Jardim 87! Brincadeiras de soltar pipa, rodar pião, jogar bola de gude e futebol… Era nesse entorno que nossa alegria de menino habitava.
Festas religiosas, folguedos tradicionais, e feiras de produtos hortigrangeiros no campinho ao lado do monumento eram constantes e vivíamos isso com muita intensidade!
Na fase adulta, quando o Convento virou a sede do Iphan e o Museu, os laços se intensificaram por conta do nosso trabalho cultural/ambiental, pela amizade e parceria adquirida ao longo dos anos com a instituição, com seus gestores e funcionários! Nos últimos anos, o Mart virou referência por abrigar em suas dependências inúmeros eventos culturais como exposições, apresentações musicais e teatrais, lançamentos de livros e tantas outras manifestações de nossa cultura popular!
Viva o Mart! “
Evangelos Pagalidis
Evangelos Pagalidis é paisagista, ambientalista, agente cultural, fotógrafo e servidor público
O olhar de Frederico Santa Rosa
sobre o Convento
“A frase de Warllem Silva se encaixa perfeitamente na minha trajetória como fotógrafo – A fotografia nasce primeiro na mente, depois no olhar, e somente depois, a exteriorizamos para que outros possam compartilhar um pouquinho de nós!
E essas imagens do Convento contam um pouco do desenvolvimento da minha técnica. Sempre desenho em minha mente antes, o que eu quero fotografar. E como forma de aperfeiçoar o meu olhar, procuro fotografar o mesmo cenário inúmeras vezes.
Apaixonado pelas belezas dos monumentos históricos da nossa Cabo Frio, procurei fazer este exercício durante esses 10 anos e hoje tenho um acervo, com imagens que testemunham o modo como eu vi a história da minha cidade ao longo deste tempo.“
Frederico Santa Rosa
Cabofriense, Frederico Santa Rosa fotografa há mais de 10 anos a Região dos Lagos.
Professor de fotografia, ministra cursos e workshops regularmente para jovens fotógrafos em Cabo Frio e Búzios (RJ). É membro efetivo da Inspiration Photographers.
O aperfeiçoamento do seu trabalho é constante, sendo o Instituto Internacional da Fotografia (SP), Marco Ravenna (Studioday Bologna – Itália), J.L. Bulcão (Paris – França) e as conferências internacionais Inspiration, as bases orientadoras para o desenvolvimento e criação dos seus trabalhos.
O olhar de Lu Rocha
sobre o Convento
” Um tesouro erguido em uma das cidades mais antigas do Brasil, o Mart é parte da vasta História da cidade de Cabo Frio.
Um espaço que preserva parte de nosso passado e que se encontra de portas abertas para revelar os talentos dos artistas do presente, sempre pronto para receber a comunidade local e seus visitantes.
Lugar de conhecimento, de celebração das artes, onde o passado e o presente se misturam! “
Lu Rocha
Luciana Rocha Moreira Lima, moradora da Cidade, fotógrafa, professora de História, guia de turismo; sobre quem o Mart exerce verdadeiro encanto desde o dia em que pisou no local pela primeira vez.
O olhar de Ricardo Alves
sobre o Convento
” Os primeiros olhares que tive sobre o Mart (Museu de Arte Religiosa e Tradicional de Cabo Frio) foram ainda com os eventos da Feira Agroecológica, aos sábados, acompanhando as comunidades quilombolas da Região dos Lagos, o que culminou na minha exposição temporária, aberta em setembro de 2018: Terra de Quilombo, retrato de uma etnia.
O espaço do Museu serviu como espaço de possibilidades para a valorização, o reconhecimento e a identificação das comunidades remanescentes de quilombos da Região dos Lagos fluminense e para que a cidade de Cabo Frio pudesse conhecer os rostos e realidade desse povo.”
Ricardo Alves
Ricardo Alves é servidor público do Governo do Estado do RJ e fotógrafo (formado pelo SENAC). Há cerca de 30 anos atua junto às comunidades agrícolas e tradicionais como técnico em agropecuária, e há 19 anos vem, paralelamente, desenvolvendo o ofício de fotógrafo documental, registrando o cotidiano (festas, casamentos, seminários, entre outros) como forma de valorizar e fortalecer a cultura, o homem e o trabalho. Participou como fotógrafo do projeto do livro do Instituto de Terras e Cartografia (Iterj), “Memórias da luta pela terra”. Compôs a exposição “Novos Talentos” junto a outros servidores, no Palácio Guanabara, com a temática “Terra”. Em 2018, participou como convidado da exposição “Quilombos Região dos Lagos” no espaço Zanine, em Armação dos Búzios, e de exposições virtuais. Entre os projetos, segue com a exposição itinerante em feiras de agricultores familiares: “Terra, semeando o olhar”.
Após disponibilizarmos a exposição digital “Olhares sobre o Convento”, outros fotógrafos da região compartilharam conosco os seus olhares sobre o Mart e sua sede, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos.
O olhar de Luciano Barbosa
sobre o Convento
“Buscando fugir da perspectiva do clássico postal turístico, procuro fazer primeiro a captura com os olhos, o que, naturalmente, se faz de forma automática. Meu objetivo com estes registros é mostrar as linhas e curvas deste belo prédio histórico, sede do Mart, não deixando de passar pelos transeuntes que ali se fazem presentes.
Faço tudo isso, com o mesmo prazer e alegria de quando se participa de um jogo de futebol!“
Luciano Barbosa
Natural de Cabo Frio e misturado à geografia local, Luciano Barbosa Carvalho captura, primeiro com os olhos e depois com a câmera, as belas paisagens que adornam a cidade, como as dunas que se movimentam constantemente. Para ele, mesmo visitando um local todos os dias, as fotos nunca sairão iguais. Luciano fez sua primeira exposição no Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart), órgão federal do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Livro de Registro de Presença
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